
1ª Mostra informal com os reclusos participantes do projeto CORPOEMCADEIA
Decorre, dia 16 de Dezembro de 2019, no Estabelecimento Prisional do Linhó, a 1.ª mostra/apresentação informal do projeto de dança CORPOEMCADEIA, promovido pela Companhia Olga Roriz. Esta mostra será aberta à comunidade prisional e, pela primeira vez, a familiares dos reclusos participantes.
Desde Abril de 2019 que um grupo de 13 reclusos, entre os 21 e 38 anos, se reúne, todas as segundas-feiras, a fim explorar a linguagem da dança contemporânea e discutir temáticas artísticas.
Trata-se de um espaço no qual os participantes são convidados a experimentar novas possibilidades de movimento e de relação e a pesquisarem a linguagem da dança e os seus processos criativos nos moldes do trabalho desenvolvido na Companhia Olga Roriz.
Na primeira fase do projeto, a decorrer entre os dias 1 de Abril e 20 de Dezembro, o trabalho será conduzido pela bailarina/professora Catarina Câmara.
Neste período, pretende-se construir um espaço de diálogo e segurança, capaz de conter e de cuidar e ao mesmo tempo de instigar e de abrir para a experiência do corpo “dançante”.
“Não é possível dançar sem correr riscos, sem sair da zona de conforto, por isso é importante que o espaço/grupo em que a experiência acontece, seja território firme. E correr riscos, para uns pode ser lançar-se com um salto nos braços do grupo, para outros, pode ser ficar 5 minutos a olhar alguém nos olhos”.
Correr riscos é ousar o novo, o diferente. E foi o que aconteceu.
O grupo tem respondido com entusiasmo, empenho e sentido de compromisso às propostas lançadas. A evolução técnica/artística é visível e isto só acontece porque há tolerância, colaboração, espírito crítico e confiança para que as pessoas se possam expressar.
Neste tempo, foram introduzidos conceitos e técnicas da dança contemporânea com especial ênfase no trabalho de contacto e improvisação e na exploração de um imaginário físico próprio.
Inevitavelmente, pela natureza do trabalho realizado, abordaram-se temas que passam pelas polaridades masculino/feminino, fragilidade/força, ordem/caos, etc. É fundamental que sejam criados espaços para que estas vivências sejam discutidas, elaboradas, reorganizadas no corpo.
Na segunda fase, de Janeiro a Julho de 2021, o grupo trabalhará todos os meses com um artista diferente ligado à Companhia Olga Roriz e de Setembro 2019 a Fevereiro de 2021, a coreógrafa Olga Roriz irá criar um espetáculo com estes reclusos com estreia marcada em Fevereiro (5 e 6 no Estabelecimento Prisional do Linhó) e 12 e 13 no Teatro Experimental de Cascais).
Paralelamente está a ser produzido um documentário, sobre as experiências vividas no CORPOEMCADEIA, ao longo dos 3 anos de projeto, com estreia prevista no Festival “Temps D´Images” em 2021. No mesmo ano será igualmente lançado um livro sobre o projeto”.
Catarina Câmara
(Coordenadora geral do projeto)