
Diários de uma Quarentena
Com a suspensão das atividades presenciais, devido ao estado de pandemia por COVID 19, o projecto CORPOEMCADEIA (CC), em colaboração com a Direção do EP LInhó, implementou um regime semanal de encontros/sessões on line e a distribuição de emails com desafios criativos, partilha de pensamentos, imagens e histórias.
O resultado tem sido um vai-vem de palavras e imagens entre a equipa do CC e os participantes, que nos faz desenhar outros movimentos e ajuda a abreviar a saudade.
Aqui deixamos fragmentos de algumas dessas cartas escritas pelo grupo de participantes.
I.
“Quero acordar deste pesadelo
Que não tem dia para acabar
Mas tem números que nunca mais acabam
De mortalidade
No jardim do amor
Tantas rosas encontrei
Até algumas delas
No meu coração guardei…
Problema: no final de cada história
Acabará sempre da mesma forma
Por caminhar sozinho
Como lobo solitário…
II.
O mundo gira e gira
Mas acabamos sempre
No ponto de partida
Como sol e lua
Vão e voltam todos os dias
Como as estações do tempo
Estão sempre a mudar
Mas voltam sempre ao mesmo
Com a terra e o mar
Estão ligados para toda a eternidade
O nosso amor é igual
Com tantos altos e baixos
Continuamos unidos
Como unha e carne
Memória de infância: acordei, encontrei policias por todo lado lá em casa, com máscaras, todo o tipo de armas e um cão. Meteram a minha tia, tio e primo algemados no solo, menos eu por ser menor de idade. Perguntaram à minha família se o meu outro tio que não estava em casa ainda morava ali, porque estava a ser procurado por eles. Tinha apenas 11 onze anos. Ficou gravado na memória como leitor de DVD.”