
27 Abril 2022
Mais uma vez surpreendida. Com o misto da realidade crua e dura e a beleza da chamada arte. A fronteira é incrivelmente ténue.
Mal eles começaram a desenhar as suas celas a giz no chão, o Jackson a deitar-se primeiro para marcar o tamanho do seu corpo e desenhar a cama e abrir os braços para ter a relação de uma outra medida. Mal eu comecei a ver aqueles homens a desenharem exíguos rectângulos no chão todos iguais, cada um com uma cama, um lavatório, sanita, algo que me parecia um armário e uma janela, tudo com 3 passos de largura e 5 de comprimento. […]
Pela primeira vez chorei, a Catarina também e eles… eles sentiram o impacto da ação, penso que não do ponto de vista do espetáculo, mas das suas realidades. Não podemos esquecer que a maior parte destes homens vivem ali há 14, 15 anos.
Música: “The Water Diviner” – Ludovico Einaudi
Depois vieram as ações reais tornadas abstratas, as mudanças de posições, o vaguear pelos labirintos das outras celas dos companheiros, o encontro na cela de um deles e a sequência do grupo apertado.
Esta cena é tão forte e com um universo tão real que só pode acontecer mais para o fim, a fim de não contaminar o resto do espetáculo.
Fiquei feliz com o resultado apesar de triste com a realidade.
- Entrada com os sacos – Uma frase sobre si
- Mudarem de roupa para figurinos do espetáculo.
- Sequência dos sacos com a roupa deles.
- Sequência da fila
- Cena das corridas
- Solo J.
- História das tatuagens
- Caminhos do trabalho, reza e infância
- Desenhos da cela + posições
- Sequência do chão dentro das celas, viagem pelo labirinto das celas encontro numa cela e sequência de grupo fechado.
- Última cena de improvisação em pares.
Olga Roriz